terça-feira, 3 de julho de 2012


PESU inicia Ciclo de Palestras

   O Centro de Difusão de Ciência e Tecnologia do Parque Estadual do Sumidouro deu inicio na manhã do dia 02 de julho/2012 ao projeto Ciclo de Palestras que, visa oferecer aos colaboradores, comunidades do entorno e convidados, palestras e oficinas com os pesquisadores que atuam na Unidade de Conservação e entorno.
   A professora e pesquisadora do Museu de Ciências Naturais PUC Minas, Meire Penna, ministrou a primeira oficina, oferecida aos funcionários do Parque e Associação de Condutores Itrararé (ACITA). Com o tema Caramujos, a pesquisadora instruiu os participantes sobre as diferenças entre as espécies nativas e exóticas encontradas na unidade e região, com enfoque no caramujo invasor africano - Achatina.
   Segundo Meire, a espécie foi introduzida no Brasil na década de 70, como aposta comercial, na busca de uma alternativa mais barata do scargo, espécie francesa de alto custo. " O caramujo africano vive em um clima muito parecido com o nosso, o que favoreceu sua sobrevivência aqui. Além disso, é uma espécie que se prolifera perto dos homens e se alimenta de qualquer coisa, tanto uma horta, quanto lixo", explicou.

   Tais motivos fizeram com que a espécie fosse considerada praga agrícola que deve ser exterminada e já está proibida para o consumo humano. "Demorou mais de 20 anos para conseguirmos que o IBAMA proibisse a comercialização do Achatina. É uma espécie que além de se alimentar de tudo, acaba com o caramujo nativo e é fácil de ser contaminado por larvas que, podem gerar doenças ao homem", afirmou Meire. Segundo ela, este fator ainda não é um problema de saúde pública, mas, já existem casos de contaminação registrados no Brasil. " Pelo sim, pelo não, não vale a pena arriscar. Podem ser transmitidas pelo caramujo invasor a meningite eosinofilica e angiostrangiliase abdominal. São doenças graves, que muitas vezes podem levar a morte", advertiu.
   Três gêneros de espécies nativas encontradas na região foram apresentados na oficina: Megalobilimus, Orthalicus e Thaumastus. Segundo Meire, eles acabam sendo confundidos com o Achatina, fazendo com que as pessoas acabem matando o caramujo errado. "A principal diferença entre eles é a concha, mas, é muito difícil uma pessoa que não conheça bem saber distinguir".
A seguir foto das conchas coletadas das três espécies encontradas no Parque
    Meire destacou ainda a importância de saber catar e descartar o caramujo invasor, para evitar a contaminação ou até mesmo a proliferação do mesmo. " O Achatina é uma praga que deve ser extinta, mas, o seu descarte é feito em maioria de forma incorreta, o que ocasiona a proliferação da espécie com muita rapidez e em quantidade maior do que os caramujos nativos". Alguns cuidados básicos devem ser tomados no momento do descarte e catação do caramujo africano. " O ideal é catar com as mãos protegidas por plásticos ou luvas, quebrar todas as conchas dentro de um plástico, envolver o caramujo com cal virgem para desidratar, enterrar e cobrí-lo novamente com cal", explicou Meire.
   Outra solução seria colocar o caramujo dentro de um balde cheio de água com cloro (três partes de água e uma de cloro) por no mínimo 24 horas ou incinerar.
   Meire ainda lembrou os cuidados básicos que podemos ter em casa. " Já foram encontradas outras espécies do caramujo contaminadas. Por isso, devemos lavar bem os alimentos que são ingeridos, principalmente as folhas cruas. É muito importante que todas essas informações sejam repassadas a toda comunidade e que todos tenham a consciência dos riscos que esta espécie invasora pode causar", finalizou a pesquisadora.

Escrita por: Marianita Saraiva
Fotos: Marianita e Luisa Cota