segunda-feira, 16 de julho de 2012


Parque Estadual do Sumidouro recebe arqueólogo pesquisador da Universidade da Alemanha

   O Centro de Difusão de Ciência e Tecnologia do Parque Estadual do Sumidouro realizou nos dias 06 e 16 de julho, o segundo encontro do projeto Ciclo de Palestras, que visa oferecer aos colaboradores, comunidades do entorno e convidados, palestras e oficinas com os pesquisadores que atuam na Unidade de Conservação e entorno.
   O pesquisador arqueólogo André Strauss que é formado pela USP em São Paulo e atualmente faz doutorado na Universidade de Leipzig na Alemanha, ministrou a palestra (nas datas acima) que abordou o tema da arqueologia na região de Lagoa Santa.  André, que já realizou pesquisas dentro do parque, atualmente trabalha na Lapa do Santo, em Mocambeiro, localizada no entorno da Unidade com o projeto “As práticas mortuárias dos primeiros americanos”, iniciado em 2010. A área de escavação encontra-se inserida na Unidade de Conservação em criação pelo IEF, Refúgio de Vida Silvestre Cauaia, inserida no Sistema de Áreas Protegidas do Vetor Norte. 
   O projeto tem como objetivo principal descobrir o modo com que os fósseis encontrados eram enterrados e se havia alguma prática ou ritual neste momento. “Nosso projeto vem com novos questionamentos que até então não eram considerados como principais nas pesquisas de arqueologia. Foram 150 anos na região focados em dois pontos: a coexistência do homem com a megafauna e a temporalidade dos fósseis. Nossa equipe tem questionamentos mais simbólicos como a questão do sepultamento humano. Sempre fui fascinado com estes aspectos. Entendo que hoje em dia estes pontos simbólicos de subsistência e os estilos de vida devem ser mais estudados”, afirmou o pesquisador que atualmente está com uma equipe de colaboradores da USP e coordena a pesquisa.
   O sítio arqueológico da Lapa do Santo foi descoberto em 2001, através do Projeto “Origens” (realizado entre 2000 e 2009), coordenado pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais Walter Neves, quando pesquisadores tentavam encontrar novos sítios em busca de fósseis. Para  André Strauss, que também participou do projeto “Origens”, a Lapa do Santo foi a melhor descoberta. “Foi a melhor surpresa. Primeiro porque era um sítio virgem, ou seja, nenhum outro pesquisador havia escavado ou mexido antes de nós e segundo que é uma área com um potencial muito bom. A intensidade da ocupação aqui na Lapa é muito maior do que os outros sítios encontrados” disse. O local foi trabalhado pelo projeto do professor Walter Neves e depois que as pesquisas foram encerradas, o sítio foi reaberto para o novo projeto do André que será realizado até 2014.

   Ao todo já foram encontrados 30 sepultamentos e dois deles estão sendo escavados no momento. Segundo André, pelas diversas formas com que eles estão sendo encontrados é possível dizer que há aproximadamente sete mil anos (data estimada para os fósseis  que ainda não foram datados cientificamente) já existiam rituais nos sepultamentos. “Pela forma em que encontramos os fósseis, acreditamos que eles deviam seguir regras no momento do sepultamento ou faziam rituais e ofereciam ao seu Deus. Percebo que eles seguiam uma lógica para tratar os mortos. A maior esperança do projeto é conseguir fazer o DNA desses fósseis”, comentou.
   Ele ainda agradeceu ao Parque pelo apoio oferecido “Só consegui vir porque o Parque nos cedeu uma base onde podemos trabalhar o nosso material dentro da casa. O que é perfeito. Todo o processo é realizado lá” concluiu.
   Como complemento da palestra, foi oferecido aos participantes uma visita técnica no local de escavação nos dias 07,21 e 23 de julho para conhecer todo o processo e trabalho realizado pelo André e sua equipe de colaboradores.  


Escrito por: Marianita Saraiva
Fotos (visita técnica) Luisa Cota